terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Marketing de Conteúdo e Mídias Sociais: Entenda como eles podem auxiliar na maior rentabilidade do negócio



No atual cenário tecnológico, a dinâmica de compra e venda bem como o comportamento do consumidor atual foram alterados. Entretanto, muitas empresas ainda não conseguem ou tem dificuldades de lidar com essas mudanças e entender como elas podem se tornar rentáveis para o seu negócio.

Ricardo De Lucia Leite
Bacharel em Administração de Empresas e sócio-fundador da Hytrade, Ricardo é diretor de relacionamento, responsável pela área comercial, desenvolvimento de novos negócios, parcerias e planejamento estratégico.




Fernando B. T. Leite
Formado em medicina pela USP e pós-graduado em administração pela FGV, Fernando possui 26 anos de variada experiência profissional em indústrias de produtos farmacêuticos e bioquímicos, em posições de linha e de diretoria, em grandes companhias multinacionais, e 20 anos de experiência com muito sucesso como consultor independente. Fluente em 5 idiomas  (português, espanhol, inglês, italiano e francês), Fernando é tradutor, revisor e consultor de negócios na Hytrade.

Nos ajudam a entender, na prática, como as mídias sociais e o marketing de conteúdo podem se tornar uma ferramenta efetiva na maior rentabilidade no negócio.

Em entrevista ao Informa Group, eles falam sobre a importância de proporcionar uma boa experiência ao cliente no mundo on-line e comentam os principais desafios a serem enfrentados, atualmente, por uma empresa no mundo digital/social. Confira!


Informa Group: Qual a participação das mídias sociais na mudança de dinâmica do varejo farmacêutico?

A primeira coisa que precisamos fazer é separar os dois tipos de varejo que há na Indústria Farmacêutica e de HPPC: Venda Balcão, que são os medicamos vendidos com prescrição médica e cujas ações de publicidade e marketing são altamente regulamentadas, e OTC, que são os produtos de venda livre que ficam nas gôndolas e cujas ações de publicidade e marketing também são permitidas.

A segunda coisa a se fazer, é deixar claro o que faz parte do termo mídia social. O que podemos entender quando falamos em mídia social. Segundo a Wikipédia, que é um tipo de mídia social, ela pode ser definida como: “plataformas interativas nas quais indivíduos e comunidades criam e compartilham conteúdo criado por eles mesmos”. Andreas Kaplan e Michael Haenlein definem mídia social como “um grupo de aplicações baseadas na internet que são construídas nas fundações ideológica e tecnológica da Web 2.0, e que permite a criação e troca de conteúdo criado pelos usuários”. Acima de tudo, mídia social são softwares sociais nos quais intermediam a comunicação humana.

Dito isso, agora podemos analisar com mais clareza como a mídia social pode impactar a dinâmica do varejo, tanto com relação aos produtos de venda balcão, como os de OTC.

Com relação aos produtos com venda balcão, a mídia social pode agilizar, aproximar e aprofundar a comunicação entre empresas farmacêuticas e os médicos, já que é proibido qualquer tipo de comunicação com o público final (os pacientes dos médicos). As empresas podem investir em redes sociais de nicho, com acesso restrito somente a médicos, para oferecer todo tipo de informação relevante, incentivar qualquer tipo de debate, incluindo pesquisas e monitoramento de estudos clínicos, assim como no desenvolvimento de aplicativos para dispositivos móveis, onde podem ser criados vários recursos para auxiliar os médicos em suas consultas, por exemplo.

Já com relação aos produtos OTC, cuja venda e comunicação com o público final é livre, principalmente com relação aos produtos HPPC, a mídia social está mudando completamente a dinâmica do varejo. Aqui cabe todo tipo de criatividade com relação ao uso das diversas plataformas e softwares (os tais aplicativos) disponíveis no mercado. As empresas que não criarem programas eficientes de marketing de conteúdo a partir de agora, começarão a perder mercado rapidamente. É de fundamental importância oferecer conteúdo relevante e divertido dentro das plataformas onde o seu público alvo se encontra. No mínimo, você tem que ter um bom site responsivo (que abra nos diversos tipos de dispositivos, desde desktops até smartphones) com um blog embutido nele e distribuir este conteúdo em diferentes formatos adequados a cada tipo de plataforma de mídia social. Podemos destacar entre as principais redes sociais: Facebook, YouTube, Twitter, LinkedIn, Badoo, Google+, Instagram, Vine e Slideshare. Lembrando que as empresas podem ter a sua própria rede social e devem investir em aplicativos para dispositivos móveis.

Ademais, a mídia social derrubou a barreira de entrada de novas empresas e empreendedores ao mercado. Ela também encurta a cadeia de suprimentos, onde indústrias, atacadistas e distribuidores, podem vender diretamente para o público final. Veremos cada vez mais, pequenas empresas vendendo poucos produtos para um nicho restrito de mercado. Hoje em dia é possível um farmacêutico inventar um novo creme revolucionário contra rugas e vendê-lo diretamente ao público final através de uma lojinha online dentro do Facebook.

Informa Group: Como essas mudanças podem ser favoráveis à maior rentabilidade do canal Farma?

Tais mudanças serão favoráveis ao canal Farma a partir do momento que as empresas passarem a aproveitar tais oportunidades geradas pela mídia social. Como resultado direto na rentabilidade das empresas, podemos destacar o menor custo em se comunicar com o mercado. Hoje o segredo é vender mais fazendo menos publicidade. Isso é possível se você investir em marketing de conteúdo. Ao invés de alugar mídia, as empresas precisam, a partir de agora, desenvolver os seus próprios canais nas plataformas sociais e atrair os consumidores para eles. Crie seus canais, aumente sua base de assinantes e crie uma comunidade em volta de seus produtos e serviços. Pense nos seus leitores e não em você. Crie e distribua conteúdo de qualidade com este foco. Faça isso de forma contínua a longo prazo e você verá a sua rentabilidade aumentar.

Outro impacto direto na rentabilidade do canal está, conforme já destacamos, no encurtamento da cadeia de distribuição. O próprio canal de vendas online possui uma maior rentabilidade do que o canal de varejo tradicional, e aqui podemos incluir as lojas virtuais tradicionais, assim como as lojas virtuais sociais (também conhecidas como social commerce), que são as lojas dentro das redes sociais.

Veremos cada vez mais como tendência no mercado eletrônico os tais clubes de assinaturas, que são lojas virtuais que vendem produtos de uso recorrente a uma assinatura mensal, cujo valor é muito mais atrativo do que na loja tradicional. São dois tipos de site: os que pretendem facilitar a vida do consumidor e evitar que ele vá ao shopping ou supermercado todos os meses para comprar produtos de uso frequente, e os que têm a proposta de apresentar ao cliente novas marcas e variedades de algum item que ele goste, desde produtos para barbear até lentes de contato.

Como exemplos, posso citar a loja Dollar Shave Club (http://www.dollarshaveclub.com), empresa norte-americana, que oferece um clube de assinaturas de produtos para barbear. Não temos certeza, mas o Dollar Shave Club talvez seja a primeira empresa a ofertar este tipo de serviço. Eles oferecem três tipos de aparelhos de barbear a três mensalidades distintas: o aparelho mais simples, que aparenta ser de ótima qualidade, por US$ 1.00 mensal (isso mesmo, um dólar americano por mês), o aparelho médio por US$ 6.00 mensais e o aparelho top por US$ 9.00 mensais. Você ainda pode incluir creme de barbear e lenço pós-barba na sua assinatura.

Hoje um sucesso nos EUA, o Dollar Shave Club ficou famoso por um vídeo comercial introdutório feito e distribuído para o YouTube (Veja Aqui). Uma publicidade criativa e de baixo custo estrelada diretamente pelo seu fundador e que acabou viralizando nas redes sociais (hoje já possui quase 13 milhões de visualizações no YouTube), dando início a um novo tipo de serviço cuja alta rentabilidade irá colocar em cheque parte do varejo tradicional.

Informa Group: Como proporcionar uma boa experiência ao cliente no mundo on-line? 

Primeiramente você precisa estar onde o seu público alvo está. Ofereça conteúdo pensando nos seus leitores e não em você como empresa. Pense mobile e ofereça conteúdo neste formato. Foque em vídeos curtos para o YouTube. Tenha uma loja online com fácil navegação, segura, com informações claras e poucos cliques para se finalizar as compras. Observe as melhores práticas da Amazon e da Zappos. Saiba escutar as demandas dos consumidores e conversar com eles nas plataformas sociais.

Informa Group: Como é possível contar com as mídias sociais como canal de venda?

De forma direta, é possível criar lojas virtuais dentro das plataformas sociais e de forma indireta, uma estratégia focada em marketing de conteúdo lhe renderá boas vendas a longo prazo, conforme já destacamos.

Informa Group: Quais são os principais desafios a serem enfrentados por uma empresa no mundo digital/social?

O principal desafio com toda certeza é conseguir se manter atualizado com todas as mudanças do mercado. Surgem novas tecnologias, dispositivos e plataformas a cada minuto que passa e as empresas mais ágeis em absorver tais mudanças e se adequarem a elas se destacarão no mercado. O tal do Big Data é um exemplo: Quantas empresas estão aproveitando ao máximo hoje em dia todo este mundo de informações públicas disponíveis nas redes sociais sobre os seus consumidores?

O segundo principal desafio, a nosso ver, reside na qualidade da oferta de conteúdo. Quanto mais adequado o seu conteúdo estiver ao seu público alvo, melhores serão as suas chances de criar um bom relacionamento com os seus clientes e consequentemente aumentar as suas vendas.

Informa Group: Como vocês enxergam a participação dos profissionais da Indústria Farmacêutica e de HPPC em um evento focado em temas específicos para esse segmento? Farma Show é um diferencial na constante necessidade de atualização destes profissionais? Por quê?

Nós enxergamos com muito bons olhos e achamos de fundamental importância na evolução do canal Farma. São muitos assuntos que podem ser abordados, desde a utilização de tecnologias disruptivas, como as etiquetas RFID, a utilização de Drones na entrega de produtos, a utilização do Big Data e a Internet das Coisas, até formas de estreitar a comunicação com o público alvo e criar programas eficazes de relacionamento com clientes.

As empresas devem investir em eventos nas suas estratégias de marketing de conteúdo, pois o formato é ideal para distribuir conteúdo de qualidade no curto prazo, que será compartilhado na mídia social pelos seus participantes e que poderá ser redistribuído ao longo do tempo em formatos diversos nas suas respectivas plataformas sociais (como por exemplo, manter o debate no LinkedIn, conforme vocês fizeram muito bem feito com o grupo Indústria Farmacêutica e HPPC – Clique Aqui para acessá-lo). Mas novamente, o conteúdo precisa ser bom! Associe sua marca a bom conteúdo ou então se contente com o ostracismo.

O Farma Show foi exatamente neste sentido. Ficamos super contentes e positivamente surpresos com o convite para poder palestrar sobre mídia social na edição de 2013 em um evento focado para o canal Farma. Esperamos que o evento se repita nos anos vindouros e que as empresas invistam cada vez mais em conteúdo de qualidade, seja ele para informar ou entreter. Invistam em palestrantes de qualidade e em stands tecnológicos e interativos. Deem um verdadeiro show e esperem a mágica acontecer.